Este blog é dedicado à minha fonte de inspiração - minha filha, Sarah Emanuelle.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Tudo bem pedir ajuda!


Para mim, a amamentação não tinha nenhuma dificuldade de ser compreendida... até meu bebê nascer. Assim que nasceu ela mamou durante uma hora e meia, tudo indicava que estávamos no caminho certo. Após alguns poucos dias meu seio começou a ferir, primeiro com um leve arranhão, depois uma gota de sangue e quando vi já não tinha mais controle da situação, eu tinha que morder um pedaço de pano para nã
o gritar. Eu chorava cada vez que minha filha acordava, e ela não mamava nem 10, nem 20, nem 30 minutos seguidos, eram horas. O tempo que ela dormia eu não conseguia relaxar, doía demais, até que tive minha primeira, segunda, terceira mastite, infecção por fungos, seio totalmente empedrado e bicos pendurados. Pela falta de descanso e por tudo que havia passado em menos de um mês, meu leite quase zerou, minha filha começou a ficar o dia todo no peito, não dormia e toda vez que largava chorava,. todos me pressionavam para eu dar mamadeira e no auge do esgotamento eu dei. Tinha profissionais para me orientar e me darem suporte, mas não tinha ninguém da minha família para ajudar. Eu realmente precisava descansar. Decidi esperar o peito cicatrizar e curar tudo o que tinha acontecido nos seios e na alma, para assim tentar retomar a amamentação. Mesmo sabendo que a mamadeira causa desmame eu não tinha alternativas, não tinha forças para me empoderar da situação, eu precisava de ajuda e as pessoas que me ajudavam só me davam essa alternativa. Mas eu sabia que voltaria a amamentar. E sabia que assim que eu estivesse pronta seria um caminho que teria que contar com muita força de vontade MINHA. Fiquei uma semana sem nem sequer dar o peito para a Sarah, mas a cada 3, 4 horas eu tirava meu leite para dar para ela e assim continuar também produzindo. Depois fui retornando, aos poucos, ela já não sabia mais a pega no meu seio. O primeiro passo foi nos readaptarmos. as feridas foram cicatrizando e eu passei a oferecer o seio toda hora, mas notava que ela não engolia nenhum leite, não fazia o barulhinho do "glup". Com a ajuda de consultoras de amamentação descobri que ela havia voltado a aprender a pega mas eu estava com a produção muito baixa. E para que obtivesse resultado precisaria retirar a mamadeira, senão ficaríamos na mesma até o desmame se consolidar. Com as consultoras aprendi a relactação, e depois de muito relutar por achar dificil, me fiz disponivel e aceitei o desafio. Em poucos dias estávamos experts. Tomava todas as receitas naturais para a produção do leite, mas foi preciso um medicamento para o resultado final. Após 1 semana, e com acompanhamento de perto, minha filha tomava seu ultimo complemento através da relactação. O dia em que ela passou somente no meu peito e dormiu como um anjo a noite foi o mais feliz da minha vida. Eu nunca me senti uma mulher tão realizada e mamífera como naquele momento. E olhei para trás. Lembrei de tantas dificuldades, tantos olhares de desaprovação por pessoas que amo, tantos choros meus e dela, tantos empecilhos que não acreditava que eu havia conseguido. Eu não tenho palavras para agradecer cada minuto disponível das consultoras que me atenderam tão humildemente, com tanta paciência, com tanta confiança em mim, uma confiança que nem eu mesma tinha mais. Se você quer amamentar, você pode! Sempre tem alguém nesse mundão disposto a lhe estender a mão. Hoje sempre que eu posso aconselho essas mulheres que passam o mesmo que passei e que tem tanta vontade de amamentar como eu. Minha filha está com 13 meses, mama, e eu passaria por tudo de novo cada vez que vejo que ela se alimenta da minha alma.

Luciana Ribeiro

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